O monstruoso real
uma leitura de a metamorfose através do materialismo lacaniano
DOI:
https://doi.org/10.24302/prof.v11iEsp.Dossie.5026Resumo
Este artigo propõe uma análise da obra A Metamorfose (1915), de Franz Kafka, por intermédio de conceitos ligados ao aporte teórico do materialismo lacaniano, representado principalmente pelos escritos do filósofo esloveno Slavoj Žižek, buscando responder à seguinte questão: partindo da apresentação do narrador sobre as experiências que quatro personagens – “a mãe”, “o pai”, “Grete” e “o gerente” – travam em torno da existência do protagonista Gregor Samsa (antes e depois de sua transformação), em que medida a presença deste acaba por catalisar o encontro com o Real na trajetória de cada personagem? Ao iniciarmos a pesquisa, nossa hipótese foi a de que esses quatro personagens supracitados, ao serem forçados a lidar com o “inseto monstruoso” [ungeheueres Ungeziefer], seriam relembrados de suas próprias experiências traumáticas, e passariam a buscar refúgio no Simbólico. Como resultado, temos que, ainda que as reações de cada personagem sejam diferentes entre si, os personagens identificados como “a mãe”, “o pai”, “o gerente” e Grete possuem marcas, no conteúdo manifesto do texto ficcional de Kafka, que nos lembram as considerações de Žižek sobre as ideias de fuga e paixão pelo Real. Assim, uma vez que o Real é irrepresentável, as transformações dos personagens em torno de Gregor revelam sintomas da lembrança de sofrimentos pretéritos, cujas origens são majoritariamente materiais. Diante disso, buscamos, no decorrer do artigo, demonstrar a relevância desta leitura renovada a partir de textos de autoria de Žižek, bem como explicitar o detalhamento das análises.
Palavras-chave: Slavoj Žižek; Real lacaniano; Literaturas estrangeiras modernas; Franz Kafka; A Metamorfose.
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