A religião capitalista e o devir-negro do mundo

algumas considerações a partir de Achille Mbembe e Giorgio Agamben

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24302/prof.v9.4337

Resumo

Este artigo se propõe a estabelecer algumas aproximações entre as formulações que Giorgio Agamben fez a respeito do capitalismo e da escravidão e aquelas que estão ligadas ao que Achille Mbembe chamou de devir-negro do mundo. A partir de Walter Benjamin, Agamben sustenta que o capitalismo é a única religião conhecida pela nossa época. Esta religião “sans trêve et sans merci” [sem trégua e sem misericórdia] estendeu-se a quase todas as dimensões da vida e do planeta, conduzindo, por sua vez, ao devir-negro do mundo. Em termos mbembenianos, isto significa que a condição negra, que era algo quase exclusivo das populações africanas ou escravizadas, tornou-se a condição de grande parte da humanidade, que se vê confrontada com perdas excessivas e um profundo esgotamento de suas capacidades orgânicas. Essa articulação preliminar permitiu retomar as teses agambenianas acerca do campo de concentração como paradigma biopolítico, a fim de elucidar, como sugere Castor Ruiz, a senzala é o locus da exceção colonial.

Palavras-chaves: Capitalismo. Devir-negro. Escravidão. Agamben. Mbembe.

Biografia do Autor

Caio Paz, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutor em filosofia pelo Programa de Pós-graduação em filosofia (PPGF) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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Publicado

2022-10-27

Como Citar

Paz, C. (2022). A religião capitalista e o devir-negro do mundo: algumas considerações a partir de Achille Mbembe e Giorgio Agamben. Profanações, 9, 453–480. https://doi.org/10.24302/prof.v9.4337

Edição

Seção

Artigos